"QUERO MINHA LIBERDADE"
Ah, deixa-me com meus desacostumes...
Esqueça das minhas manias...
Liberta-me das amarras que nos une...
E dá-me a carta de alforria!!!
A idade não me libertou...
Dos crimes a mim imputados...
O tempo sem pressa fingiu que não passou...
Mas na carne sofro as dores do ódio mascado!!!
As vezes sinto a falta da liberdade...
Tão necessária mas nem sempre possíveis...
Os dias passam debochando da idade...
E vou colecionando angústias incríveis!!!
Na mesma hora que clamo por verdades...
Eu pondero porque na realidade já não mais interessa...
O tempo, senhorio que em tempo nos cobra amenidades...
As vezes chega com muita pressa!!!
Pressa de arrumar as gavetas...
Pressa de folhear documentos...
Pressa de por a limpo as falsetas...
Traz a tona o limiar dos sentimentos!!!
Ah tempo, não fosse tu a ampulheta perdida...
Que confunde o raciocínio do ser vivente...
Quem sabe parasse tudo em um momento da vida...
Que agradasse a todos uniformemente!!!
Mas não, o tempo tem sido matemático...
Não perdoa nenhum deslize...
As vezes parece tão pragmático...
Mas as vezes propícia crises!!!
Por entender a força descomunal do tempo...
Eu me rendo e aceito suas decisões...
Coloco em suas mãos os meus mais puros sentimentos...
Com as melhores das intenções!!!
Que vá o tempo...
Em sua inexorável tarefa...
Que anote de mim todos os procedimentos...
E no tribunal da existência exercite a sua pressa!!!
E que no jazigo da alma hoje tão machucada...
Conceda a Alforria existencial...
Para que as agruras desta longa e dura estrada...
Me conduza de encontro ao Derradeiro descanso final!!!